Tomb Raider
O reinício da franquia nas mãos da experiente Crystal Dynamics cria uma nova história para a protagonista Lara Croft - indubitavelmente, um dos rostos mais famosos dos videogames. A tarefa não é lá das mais fáceis: a série nunca ficou conhecida por possuir uma história tocante. A opinião de muita gente, inclusive, reflete uma imagem meio fast food de Tomb Raider, como se a série fosse uma das porcarias inevitáveis do mercado de jogos - cenário que não mudou muito após o spin-off Lara Croft and the Guardian of Light, que serviu como prova de que a única coisa aproveitável seria o nome icônico carregado pela série (sem tirar o mérito do jogo, claro - o que Guardian of Light se propõe a fazer, ele o faz muito bem).
Com a ideia de exibir uma Lara mais nova, com 21 anos, recém-formada de sua faculdade de arqueologia, as horas iniciais deste Tomb Raider são cruéis, brutais, violentas e abusivas; a cada passo dado pela heroína com jeitão de quem preferia estar em casa vendo Discovery Channel, gritos de dor e uma voz sem firmeza no delírio das conversas consigo mesma são a constante. O que nossa protagonista com sotaque britânico e jeitão de tapada sofre é englobado em uma lista impressionante de verbos: Lara será empalada, violentada, esmurrada, queimada, jogada e, bom, por aí vai. Não falta criatividade e nem perigos na ilha perdida em que a protagonista e o resto da tripulação do navio Endurance vão parar, após uma tempestade terrível que causa o naufrágio trágico no prólogo da aventura.
A ideia mirabolante de explorar o perigoso Triângulo do Dragão partiu da inocente Lara, que logo assume a postura de quem pretende corrigir os erros e levar toda a tripulação de volta para casa - mal sabendo o que está vindo pela frente. O recurso da sequência incansável de torturas e luta por sobrevivência do início do jogo justifica de maneira interessante o que vem a seguir: a protagonista durona e hiper sexualizada, cara da série nas antigas, não faz seu retorno por completo na pele da nova Lara, que prefere ser mais humana do que nossa antiga protagonista. Entre um assassinato e outro, entre os pulos arriscados e os arranhões feitos pelos mais diversos objetos, Lara estará frágil, introspectiva, sentada ao lado de uma fogueira, ponderando possibilidades e descrente dos fatos.
A ideia de se tornar uma sobrevivente e aprender a se virar caminha em paralelo com a árvore de habilidades de Lara. A matança de inimigos não é o foco e, com o tempo, fica mais fácil derrubá-los, com novos avanços das habilidades de caça e combate - assim como a exploração, que permite acesso a novas áreas por meio da compra de melhorias para as armas da protagonista (o icônico e constante utilizado arco-e-flecha, um machado, pistola, rifle e shotgun). As horas iniciais do jogo, que exibem uma Lara frágil e clamando por socorro, em busca de comida e locais para descansar, logo entram em colapso. A protagonista percebe que a morte é algo mais palpável do que o esperado e a questão do "matar ou morrer" entra em voga, exibindo uma heroína que ecoa muito do que a Lara antiga fazia - em algumas cenas é possível ver o ressurgimento do estilo clássico de ação da série.
Por mais que a heroína se apresente de maneira diferente a de antigamente, a herança da franquia continua em alta, com a resolução de alguns (mais raros) puzzles obrigatórios durante a história principal. A procura por tesouros maiores fica por conta da busca realizada em tumbas que, agora, se apresentam como cavernas opcionais para os jogadores, simplificadas a uma única câmera, equipada de mecanismos misteriosos. A resolução é feita por meio do uso variado dos equipamentos de Lara, que conta com flechas flamejantes, cordas, granadas e correias.
Esse tem tudo para ser o game do ano, nas primeiras 48 horas mais de 1 milhão de pessoas jogaram no mundo todo, então fica ai a dica do grande retorno triunfal desta heroína.
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